Projeto de lei, de autoria dos vereadores Paulo Reis (PMDB) e Mauro do Atlântico (PT), lido na sessão ordinária da última terça-feira (12/05), declara o cupim e a carne oreados, como patrimônio histórico cultural e Imaterial da cidade de Aquidauana.
Conforme destacou Paulo Reis, a tradição dos pantaneiros sempre foi a degustação e a apreciação gastronômica da carne oreada, tanto para a facilidade no transporte sem refrigeração, quanto pela tradição em apreciá-la com arroz e mandioca.
O cupim oreado, conforme informou, foi o primeiro tipo de carne a ser desidratada, por ser gordurosa e ter um sabor especial – revelou condutores de comitivas e antigos pantaneiros.
Além disso, acrescentou o parlamentar, tornou-se à época a mais transportada para alimentação nas longas viagens de comitivas e do trabalho do gado na região pantaneira de Aquidauana, durante o período das cheias, apartação e vacinação.
“As propriedades rurais eram áreas muito extensas, criação de gado extensivo, e o transporte das boiadas para engorda, realizadas por comitivas, tinham longa duração até o destino final”, recordou.
Para o parlamentar, essa necessidade fez com que os pantaneiros se adaptassem a um tipo de alimentação própria, o que originou o nascimento da carne oreada. Segundo pesquisa feita pelo senhor Neverton Minnato, com os pantaneiros , e também pelo pecuarista, Sady Borges, o termo “oreada” nasceu em função da carne, geralmente, ser de gado “oreano”, o seja, sem divisa nas orelhas – uma forma de identificar o proprietário do animal, antes de receber a marcação no couro.
“Hoje em dia com a diversificação e novas experiências na maneira de confeccionar a carne oreada, temos diversos tipos dela, a qual se submete ao processo “oreado” (costela desossada, colchão duro, maminha, granito, ponta de costela, etc.)sem retirar a característica da elaboração e do sabor inigualável”, contou.
Segundo ele, esse tipo de iguaria difere-se da carne de sol por ser elaborada no sereno e desidratada de forma diferente. “ Pelo fato de não se ter adicionado tanto sal para sua desidratação, essa carne é característica dos pantaneiros de Aquidauana e fortemente comercializada nos açougues, casa de carnes e supermercados da cidade", finalizou.
O projeto de lei já se encontra em tramitação nas Comissões Permanentes da Casa a fim de ser analisado a legalidade e constitucionalidade da proposição antes de seguir para discussão e votação em plenário da Casa de Leis.